Mais de 110 anos se passaram desde que o antropólogo alemão Leo Frobenius fincou seus pés na África pela primeira vez e ela, por meio de suas obras plásticas, continua tão admirável, inusitada e misteriosa quanto antes . O que o antropólogo viu ali o deixou comovido . Para tanto! Nenhum olhar estrangeiro vislumbraria aquelas profusões de matérias e de formas de maneira indiferente . A visão daqueles “monumentos à divindade real” que eram as cabeças comemorativas de reis em Ifé, em seu exorbitante naturalismo, atingiu de assombro aquele que viria a ser professor honorário da Universidade de Frankfurt e fundador do Museu de Etnologia da mesma cidade . Tamanho foram o espanto e a admiração que Frobenius propôs que aquelas cabeças, feitas em maravilhoso bronze, na complexa “técnica da cera perdida”, não podiam ter sido elaboradas por africanos .
O que se conhecia de “arte africana” até então, era o que traziam os olhares modernistas com as máscaras da África que viam no Museu de Etnografia do Trocadero, cheias daquilo que consideravam um “primitivismo” e que era, na verdade, o resultado de séculos e séculos da vibrante tradição plástica africana da abstração . O continente africano viu emergir civilizações ocultadas hoje pelo terror da história que expressaram largamente o mistério da vida através da expressão plástica e do estabelecimento de uma tradição artística calcada na verdade utilitária e mágica do cotidiano . Mas foi o olhar imperialista e os impulsos tirânicos das potências ocidentais que quiseram relegar a arte africana ao quadro funcional, religioso e social . MAIS
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